As Musas de Safo
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O tu-cá-tu-lá entre as musas de Safo. Debate livre e responsavél entre mulheres.
 
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 REMAR CONTRA A MARÉ

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Maria Cotovia




Número de Mensagens : 249
Data de inscrição : 23/08/2007

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MensagemAssunto: REMAR CONTRA A MARÉ   REMAR CONTRA A MARÉ Icon_minitimeQui Out 11, 2007 2:02 am

Flora retocou o baton e acendeu um cigarro algo nervosa. Era uma jovem ainda muito bonita por sinal, mas, porque destinos, ali estava tentando vender o corpo na noite. Já passava da meia-noite e ainda não tinha aparecido nenhum cliente ali na Conde Redondo. Ela começou a andar de um lado para o outro no seu salto agulha, até que de repente apareceu um Jaguar prateado a andar muito devagar e quando parou ali perto Flora antecipou-se a todas e foi a primeira a abordá-lo.
- Então, procuras alguma coisa por aqui - disse ela para o condutor, um homem aparentemente novo, de bigode, óculos escuros e um casaco de puro cabedal.
- Bem, pode ser que queira alguma coisa... Fala aí de preços e logo se vê - respondeu o homem muito tranquilamente.
- Se for um broche à «Hugh Grant», são dez euros. Se for em tua casa ou num motel são cinco. O serviço completo é trinta no carro e vinte e cinco num motel ou em tua casa.
As »cologas» de Flora começaram logo a rodear o carro e o homem disse:
- Entra, vamos até minha casa!
Flora enreou e o Jaguar uivou na noite brilhante de neons. Para trás ficavam as outras mulheres ainda a gritar por não terem sido elas a entra no carro.
- Então, como é que uma pessoa rica como tu precisa de andar à procura de companhia nestes sitios?
.- E tu, porque precisas de ter este tipo de trabalho, que não é bem visto pela sociedade? É por prazer ou...
- O meu namorado meteu-me nisto por causa da droga e agora já não posso voltar atrás... tenho sempre este estigma...

Houve um silêncio e depois estavam em Campo de Ourique. O homem meteu o carro dentro dos portões no acesso à garajem da vivenda que ali tinha. Sairam e entraram em casa. Uma jovem mulher veio ao encontro deles e Flora ficou parada no hall.
- Tu és casado? Ela sabe?... Eu não entendo nada... Ah queres uma cena lésbica e depois entras em acção...
Flora estava surpreendida e confusa. O suposto homem tirou o bigode, os óculos escuros, uma peruca e o casaco de cabedal e transformou-se numa... mulher...Exclamation Question
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Maria Cotovia




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MensagemAssunto: Re: REMAR CONTRA A MARÉ   REMAR CONTRA A MARÉ Icon_minitimeSex Out 12, 2007 2:10 am

- Agora vai ser um minete à «Madona», à «Britney» à «Angelina»... Mas que raio se passa aqui?... Disfarças-te-te de homem?! Para quê? Que querem de mim afinal? Exijo explicações e vais ter que me pagar... Eu estou a perder dinheiro...
- Calma!... Eu já te explico quais foram os meus propósitos ao ir assim travestida de homem até ao largo do Conde Redondo. Podemo-nos sentar e falar com tranquilidade. Aceitas um chá, um café?... Comes alguma coisa? Eu chamo-me Laurinda e a minha companheira é a Rosana. E tu, ainda não me disses-te como te chamas?
- Eu chamo-me Flora... E se não der trabalho aceito uma torradita e um cházinho - disse flora já mais calma.
Rosana foi até à cozinha preparar chá e torradas para todas. Laurinda colocou três individuais na mesa da sala, as chavenas, o açucareiro e guardanapos. Dali a nada estavam a saborear um chá de hortelã pimenta e a comer as torradas feitas com pão de centeio caseiro. Estavam uma delícia. Flora lembrou-se de quando vivia na beira interior, perto de Idanha-a-Nova, antes de vir para Lisboa. Lembrou-se do pão caseiro parecido com aquele e de toda a comida caseira. Os olhos brilhvam muito e de repente parece que nem era a mulher que vivia da noite que ali estava, mas a menina que corria e brincava nos campos.

Depois foram-se sentar no sofá e Laurinda explicou-se finalmente.
-Bem, Florinda, eu adquiri à pouco tempo uma herdade no Alentejo e resolvi que fosse a sede de uma associação que criei: a «remar contra a maré». Essa enorme herdade possui uma casa grande e mais outras casas pequenas onde eu pretendo acolher mulheres, não só como tu, mas também vitimas de violência doméstica, ou mulheres desprotegidas de todo... Lá podem recuperar e aprender muitas coisas e depois podem voltar a ter uma vida normal no seio da sociedade, já que não têm que ficar lá eternamente. O objectivo é mesmo a sua reintregação e que voltam a ter de facto uma vida normal...
Florinda escutava atentamente e já adivinhava quais as intenções da sua interlocutora.
- Então, aceitas ir para essa herdade? Queres mesmo continuar a ter a vida que tens ou queres mudar, Florinda?
Ela nem acreditava que tal oportunidade lhe estivesse a bater à porta. Aquilo que ela mais desejava era libertar-se daquele tipo de vida. Ela vivia sob a ameaça do namorado que só convivia com drogados e tipos que pertenciam a gangs e máfias da noite. Abraçaram-se as três muito comovidas e Florinda não parava de agradecer.

Foram fazer-lhe a cama num quarto para ela dormir ali naquela noite e no dia seguinte iria logo para o Alentejo. Nem ia voltar ao quarto que tinha arrendado buscar as coisas. Tudo pertencia ao passado, e agora começava uma vida nova para ela, era o primeiro dia do resto da sua vida. Laurinda e Rosana deram-lhe as boas noites e deixaram-na ficar para descansar em paz e assimilar tudo aquilo. De seguida foram também elas dormir muito, muito felizes. Estava tudo perfeito e a paz inteira dentro do peito!

sunny Very Happy Smile sunny
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