As Musas de Safo
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O tu-cá-tu-lá entre as musas de Safo. Debate livre e responsavél entre mulheres.
 
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 NO SILÊNCIO DA NOITE

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Maria Cotovia




Número de Mensagens : 249
Data de inscrição : 23/08/2007

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MensagemAssunto: NO SILÊNCIO DA NOITE   NO SILÊNCIO DA NOITE Icon_minitimeTer Out 09, 2007 3:12 am

Clarrisse é uma mulher solidária, humanitária, fraterna, é a voz amiga que no silêncio das noites transmite ânimo, amizade, alegria, coragem, esperança, fé, ideias positivas, boas vibrações e tudo, tudo de bom a tantas pessoas literalmente sós. Ela faz transbordar a paz e a harmonia na alma dessas pessoas, que não têm mais ninguém com quem falar. E tudo isso ao inicio de um novo dia, das 0h até às duas da manhã, numa estação de rádio.

Clarrisse tem uma voz suave, melodiosa e inconfundivel. E ora diz poemas, como lê trechos filosóficos e contos e pequenas histórias de vida. Mas nunca fala de coisas tristes a não ser para dar exemplos de como as pessoas que viveram essas cenas tristes, conseguiram ultrpassar tudo isso e alcançar o que desejavam, alcançar tudo de bom para a vida delas. O enfoque dela é sempre no lado positivo da vida. Clarrisse também exorta os ouvintes a escreverem textos em prosa ou em verso, que depois podem ser lidos por ela, ou podem ser os ouvintes eles próprios a ler. Mas têm que ser textos animadores e que procurem as coisas boas e belas da vida. Clarrisse cumpre assim o seu desejo de ajudar os outros de alguma forma e tem conseguido fazer que muitas pessoas voltem a acreditar na vida e passem a ser mais felizes. Os elogios que recebe diáriamente também a animam muito a prosseguir com a sua tarefa e a sentir-se recompensada.

Das muitas surpresas agradáveis que teve, aquela que mais a surpreendeu foi a de uma ouvinte assidua que vivia em Lisboa numa casa antiga no Bairro Alto, sem um único parente ou familiar. Era aposentada da administração pública e sempre fora solteira. Com 65 anos ainda se sentia com muito para dar e vender. Ela gostava de escrever poesia sobretudo. Então uma noite resolveu surpreender a Clarisse, que já considerava uma grande amiga, com um versinho diferente do habirual:

«Menina e flor que me encanta
nas noites de paz sem fim,
por sua voz a paixão é tanta
que suspíro em que jardim...

E eu, simples ouvinte anónima,
atrevo-me sem algum receio,
convidá-la com esta pura rima
a tomar um chá no recreio...

Sim, minha casa e minh`alma
estão abertas para a receber.
O que responde na noite calma,
que um chá comigo vem beber?»

Clarrisse, em abono da verdade, sentia uma energia muito grande quando falava com aquela ouvinte, a D. Arminda. Sentia boas vibrações e bons fluidos. Gostava muito de fafar com ela e até ansiava para que ela entrasse no programa. Ás vezes dava por si adivagar lá em que mundos e sonhos com a tal ouvinte. Mas mesmo assim ela queria acreditar que não era o seu amor lésbico a falar, mas sim o amor humano e que tudo não passava de facto de uma transmissão de boas energias entre elas, que era uma questão de sintonia, que as duas almas se comptletavam, mas que não era amor/paixão. A D. Arminda sempre vivera solteira, mas não tinha necessáriamente que ser lésbica e nunca o dera a entender. Aliás já mais pessoas se tinha declarado apaixonadas pela sua voz, inclusivé homens, mas nunca tinham feito um convite como aquele, para estarem face a face. A D. Arminda era de facto a primeira pessoa a fazê-lo. E sem se dar bem conta Clarrisse acabou por aceitar aquele vonvite. Ao fazê-lo abriu também um precedente, pois se mais alguém a convidasse para ir lá a casa já não tinha como recusar...Surprised Very Happy
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Maria Cotovia




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MensagemAssunto: Re: NO SILÊNCIO DA NOITE   NO SILÊNCIO DA NOITE Icon_minitimeQua Out 10, 2007 1:43 am

Clarisse ficou ainda mais encantada com aquela mulher. Tinha um olhar muito doce e penetrante e um sorriso contagiante. As águas furtadas que tinham uma vista priveligeadfa sobre o tejo transmitiam uma paz indescritível. Tantos vasos com plantas variadas, tantos livros na enorme estante a ocupar toda uma parede, tantas pinturas por ali espalhadas. No cavalete estava um desenho com duas mulheres nuas entrelaçadas. Era um desenho a lápis muito perfeito. Clarisse suspirou e sorriu muito. A D. Arminda sorriu também de forma cúmplice. Havia um clima de grande intensidade entre elas e tinham gostos muito comuns. Nem se notava nada que tinham uma diferença de 20 anos. A torta de laranja a acompanhar o chá estava divinal e era um dos doces preferidos de Clarisse. Da mesa onde tomavam o chá podiam ver o Tejo lá ao fundo e voar numa doce ilusão.

Quando se concentraram no por-do-sol, naquele acto de amor do sol com o mar como costuma Clarisse dizer, lá nas águas calmas, D. Arminda envolveu a sua convidada com os braços em volta da cintura e apertou-a muito contra si. Clarisse não fez nenhuma tentativa para resistir. Antes pelo contrário, ela abandonou-se completamente.

Logo naquela noite de Sábado houve uma explosão de alegria e magia num quarto impregnado de paixão e loucura à mistura. No dia seguinte ao acordarem, já a horas do almoço, resolveram dar uma oportunidade a ambas e aproveitar o optimo momento que se estava a proporcionar. E que fosse maravilhoso enquanto durasse.

Clarisse estava nas nuvens e tinha uma voz mais melodiosa ainda e não escondia a felicidade. Os ouvintes estavam felizes por ela e bem queriam saber qual era a causa de tanta felicidade, mas ela fugia sempre à questão até que uma noite... Bem, mais ousadia menos ousadia a D, Arminda entrou no ar:

«Quando já muitos dormem
o sono dos justos
no silêncio da noite,
eu quero que acordem
nosos sonhos belos
e que tudo se afoite,
e quero ir contigo amada
passear na primavera
e sentir a alma extasiada
nas asas de uma quimera...

Ah, sou tão feliz contigo
que aqui e agora o digo
e ao mundo inteiro o grito
e ouçoo eco no infinito...

Minha Clarisse, minha musa,
és a luz que me guia
e no teu olhar de deusa
navego com tanta ousadia1

Te amo tanto minha paixão
e tu assim também me amas,
e sabemos que nada dirá não
e acesas continuarão as chamas
deste amor tão intenso
envolto em nuvem de incenso!»

Clarisse ficou sem reacção, pois não esperava nada daquilo. Num país ainda muito conservador, preconceituoso e homofóbico, e ainda para mais numa estação de rádio que era ouvida não só em Portugal mas também em muitas partes do globo... Mas passado o choque inicial Clarisse começou a falar num tom calmo e com vóz segura.
«Que agradável surpresa, amor... Eu também te amo tanto, tanto... E eu não vou deixar que nada nem ninguém destrua este nosso amor bonito e puro como a água das cascatas. Só tu esta sede me matas e fazes feliz por tudo e por nada... Dar e receber amor é o melhor que há na vida. Obrigada por tudo e por mais esta ousadia...»

Até os assistentes estavam atónitos com tudo aquilo, mas as reacções dos ouvintes foram tão positivas, espontâneas e a dar vivas aquele amor tão belo. Exceptuando rarissimos ouvintes que se manifestaram contra, todos os restantes aplaudiram.

Com aquela atitude elas contribuiram também para que mais casais homossexuais se assumissem no programa e para que as pessoas se tornassem mais tolerantes.

Clarisse está de facto muito feliz e parece que passou a ser outra pessoa desde que assumiu aquele amor, e sobretudo a sua orientação sexual. Parece que tudo passou a fluir com mais naturalidade, e quem não deve não teme, pois não? Hmmm lá estão as duas queridas num relaxante banho de hidromassagens e depois nem vos conto nem vos digo que se fecha a porta do secreto abrigo!

queen sunny queensunny Very Happy:sunny: Smile sunny queen sunny queen
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Maria Cotovia




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MensagemAssunto: Re: NO SILÊNCIO DA NOITE   NO SILÊNCIO DA NOITE Icon_minitimeQua Out 10, 2007 2:32 am

Desculpem lá a «Clarrisse» da primeira parte da história. E todo o dia eu andei com isso na memória. Mas aqui só eu canto vitória, aqui neste fórum onde ninguém debita literalmente nada e por isso há desertos enormes na maioria dos temas. Eu vou levando a água ao meu moinho e não sei até quando!

BEIJOS E ABRAÇOS, ENERGIAS POSITIVAS E BOAS VIBRAÇÕES!sunny Very Happy sunny
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MensagemAssunto: Re: NO SILÊNCIO DA NOITE   NO SILÊNCIO DA NOITE Icon_minitime

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